O Banco do Brasil concluiu 2022 com lucro líquido ajustado
de R$ 31,8 bilhões, crescimento de 51,3% em comparação com 2021. No quarto
trimestre, o BB atingiu lucro de R$ 9,039 bilhões, mesmo afetado pelo caso das
Lojas Americanas, que forçou o banco público a provisionar R$ 788 milhões
adicionais.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), índice que mede a rentabilidade do
banco, aumentou 5,8 pontos percentuais (p.p) em doze meses, alcançando 20,6%. O
total pago destinado aos acionistas no exercício 2022 foi de R$ 11,8 bilhões,
sendo R$ 4,138 o valor distribuído por ação.
Entre os fatores que contribuíram para o novo recorde de lucro, que superaram
expectativas de analistas da imprensa e do mercado, estão os aumentos da
receita de operações de crédito, prestação de serviços e tarifas bancárias
(aumento de 10,2% em um ano, alcançando R$ 32,33 bilhões) e o resultado da
tesouraria (alta de 140,5% em um ano, alcançando 10,937 bilhões).
Pressão sobre funcionários
“Nós precisamos salientar que os resultados astronômicos são, em parte, fruto
de uma gestão por metas, cada vez mais difíceis de serem alcançadas pelos
funcionários”, destacou a funcionária do BB e representante da Contraf-CUT na
Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes.
“Mas o que registramos, nos últimos anos, foi um aumento de casos de
adoecimento de bancários, seja por conta de assédio moral para alcançar metas
em níveis abusivos, seja pela redução de postos de trabalho e agências,
considerando os programas de reestruturação impostos pelas direções que
assumiram o BB, entre 2016 e 2022″, completou.
No mais recente relatório, o BB informa que aumentou em 1.356 os postos de
trabalho, com a convocação de aprovados no concurso público realizado no fim de
2021. No período, também foram fechadas 8 agências tradicionais e abertas 12
agências digitais e especializadas. Fernanda observou que esses números ainda
não são suficientes para recompor os mais de 10 mil postos de trabalho cortados
e mais de 1.500 unidades fechadas, desde 2016.
“Esses resultados são fruto de gestões passadas do banco, que priorizaram
tornar o BB semelhante a qualquer outro banco privado, para atender
expectativas de acionistas, às custas da sobrecarga dos funcionários e da
redução do papel do BB como banco público, que deveria estar alinhado ao
desenvolvimento do país. Nossa expectativa é que, em 2023, o BB volte a cumprir
o papel que não cumpriu nos últimos anos e isso inclui valorizar os
funcionários e ajudar a reduzir as dívidas das famílias e do setor produtivo”,
pontuou a representante dos funcionários da CEBB.
Carteiras de crédito
Em um ano, a carteira de crédito ampliada do BB cresceu 14,8%, totalizando R$
1,004 trilhão. O segmento Pessoa Física, cresceu 9%, atingindo R$ 289,6
bilhões, principalmente, por influência do crédito consignado (+7,8%) e nas
operações com cartão de crédito (+14,5%).
“O dado que aponta para o aumento do crédito consignado, com taxas de juros
altas cobradas pelo BB, vem de uma política de ganhar retorno sobre famílias
endividadas. E vamos lembrar que a população aumentou seu endividamento por
causa de fatores como a pandemia e o desemprego”, avaliou Fernanda Lopes. “Vale
destacar também que o BB está entre os bancos que aplicam as maiores taxas de
juros rotativos oferecidas ao cliente, quando ele não consegue realizar o
pagamento total da fatura”, prosseguiu.
Segundo dados do Banco Central, de 31 de janeiro, a taxa de juros rotativos,
cobrada pelo BB de pessoas físicas, chega a 534,60% ao ano. A título de
comparação, o Bradesco cobra 332,64% ao ano e o Itaú-Unibanco 351,01%. “Esses
são dados que reforçam nossa crítica de que o BB, ao longo dos últimos anos, se
distanciou de sua função de banco público que, como tal, deveria ter como
prioridade auxiliar as famílias brasileiras e pequenas empresas a saírem do
endividamento, e não o contrário”, destacou Lopes.
Em relação a dezembro de 2021, a carteira Pessoa Jurídica cresceu 12,8%,
registrando total de R$ 358,5 bilhões, com destaque para grandes empresas
(+15,7%) e micro, pequenas e médias empresas/MPME (+21,2%). Já a carteira de
agronegócio do banco cresceu 24,9% em um ano, totalizando R$ 309,7% bilhões,
com destaque para o custeio agropecuário (+46,5%), linha de investimento (+54,6%)
e agroindustrial (+109,1%).
“As micro e pequenas empresas, assim como as famílias, estão hoje enforcadas
pelo endividamento. São públicos que deveriam ter os juros negociados. O banco
também precisa oferecer, a juros baixos, crédito à agricultura familiar. Isso,
inclusive, é uma cobrança feita pelo presidente da República, em discursos
sobre o papel dos bancos públicos”, lembrou a funcionária do BB.
As despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) cresceram
31,7%, totalizando R$ 23,547 bilhões, enquanto o índice de inadimplência para
atrasos superiores a 90 dias foi de 2,51%, aumento de 0,76 p.p em um ano,
inferior à inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (3%).
Fonte: CONTRAF/CUT
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