O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, foi instituído pela Lei Federal nº. 11.635, de 27 de dezembro de 2007, pelo então presidente Lula, homenageando a Ialorixá baiana Gildásia dos Santos e Santos – conhecida como Mãe Gilda de Ogum, fundadora do terreiro de candomblé Ilê Asé Abassá de Ogum.
Em 2000 a Mãe Gilda teve a sua casa e o seu terreiro invadidos por de fiéis de outra religião, e foi acusada de charlatanismo. Após a publicação de uma matéria jornalística, intitulada “Macumbeiros e Charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”, na primeira página do jornal Folha Universal, da igreja Universal do Reino de Deus, e uma foto de Mãe Gilda. Mãe Gilda e o marido foram perseguidos, sofreram várias agressões físicas e verbais, e depredações dentro do espaço religioso. Após essa série de violências e difamações contra ela e seus filhos de santo teve um infarto fulminante e veio a desencarnar.
A Constituição Brasileira, em seu Artigo V, Inciso VI, preconiza que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.
Apesar das incessantes lutas pelo direito à liberdade religiosa e pela garantia de direitos constitucionais, a desinformação, o preconceito, a discriminação, e a intolerância continuam sendo os principais motivos de desrespeito às religiões.
O combate à intolerância religiosa só alcançará o “respeito” aos fiéis de uma crença, ou ainda aos que não professem crença alguma, quando houver envolvimento de toda a sociedade, e a proposição de políticas públicas específicas para o enfrentamento.
Vivendo um momento em que os direitos sociais e a dignidade humana são diariamente pisoteados, acredito que os nossos templos, terreiros e ilês podem e devem desempenhar um papel essencial na defesa desses valores. Num mundo cada vez mais fragmentado, somos chamados a entender que em situações complexas como essa devemos ser agentes de mudanças positivas, de solidariedade e de acolhimento.
Por certo existem duas formas de mudar a vida das pessoas, pela religião e pela política.
Como umbandistas, devemos primeiro passar das palavras às ações, respondendo à vontade de Oxalá por unidade, paz e cuidado com os outros.
Como cidadãos somos chamados a exercer a nossa cidadania buscando participar efetivamente da agenda política, o que pressupõe entender que é apolítica que determina o ordenamento legal em nosso país.
2022 nos traz uma nova oportunidade de sermos protagonistas da nossa história.
Axé!
Comentários
Postar um comentário
Que bom que você comentou no artigo publicado, concordar ou discordar nos faz evoluir, assim é a democracia. Entretanto, lembre sempre de tratar a todas e todos com civilidade e educação. Só assim, você garante a publicação do que você pensa! Discuta sempre sobre as idéias, nunca transforme em pessoal as criticas ou elogios. Essas normas serão cumpridas pelo administrador do blogue. Axé!