Iconografia da História
Disponível em:
http://www.ihu.unisinos.br/614737-breves-do-facebook-24-11-2021
Acesso em 24/11/2021.
"Eles obedecem a um preto. Os marinheiros
estão sob ordens de um homem negro. Um preto!"
Esse foi o comentário de um colunista de um jornal
do Rio de Janeiro no dia que João Cândido e seu corpo de
marinheiros, formado por negros e nordestinos, ameaçaram bombardear a capital
do Rio de Janeiro.
Confira a história desse importante personagem
João Cândido, o Almirante Negro.
João Cândido Felisberto nasceu no Rio
Grande do Sul, em 1880, filho de escravizados, acompanhava o pai, que era
cativo tocador de gado, nas estancias gaúchas. Com apenas 13 anos, combateu no
conflito denominado Revolução Federalista (guerra civil estourada no
sul). Cândido sempre teve aptidão para liderar. Com 15 anos ingressou na Marinha
brasileira, a instituição, na época, alistava negros, pobres e analfabetos de
forma compulsória, não foi o caso de João, que ingressou de forma voluntária.
Cinco anos depois do ingresso na Marinha, foi promovido a marinheiro de
primeira classe e com 21 anos, em 1903, foi promovido a cabo-de-esquadra, tendo
sido depois rebaixado por ter introduzido no navio um jogo de baralho.
João não se conformava com o tratamento desumano
dado pela Marinha aos seus marinheiros, castigos físicos, proibição
do lazer, obrigação de trabalhar por muitas horas faziam parte da rotina da
instituição. Um dos instrumentos usados para açoitar marinheiros era a famosa
"Chibata". Geralmente, oficiais responsáveis pelo açoite dos
marinheiros eram brancos e de famílias poderosas e os açoitados eram negros e
pobres, fato que configurava um forte conflito de classes sociais dentro
da Marinha.
Em novembro de 1910 um marinheiro negro, de
nome Marcelino, se envolveu em uma briga dentro do navio, e foi castigado
com 250 chibatadas. A ação revoltou os marinheiros, que encontraram em João
Cândido o líder certo para guiar o motim, os marinheiros mataram alguns
oficiais e tomaram o navio Minas Gerais, grande encouraçado de guerra.
João redigiu uma carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na
alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não fossem
cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio
de Janeiro (então capital do Brasil).
O presidente em exercício, Hermes da Fonseca cedeu
às condições dos revoltosos, terminando com o motim, após entrega das armas, o
presidente não cumpriu a promessa e mandou prender e expulsar marinheiros que
participaram do evento. Dessa forma, João organizou uma nova revolta,
conhecida como revolta na Ilha das Cobras, fortemente reprimida pelo
governo. O líder negro foi internado em um hospital para loucos e depois
absolvido e solto, pois houve pressão social pró libertação.
O resultado da revolta da Chibata foi a melhora
significativa no tratamento dos marinheiros e soldados das forças armadas
brasileiras. João tentou ingressar na vida política e participou de outros
momentos importantes na história do Brasil. Sua imagem foi usada nos anos
posteriores como símbolo de resistência política à opressão. Foi perseguido
durante o Estado Novo Varguista, renegado pela Marinha e morreu
como vendedor de Peixe, na cidade de São João do Miriti, Rio de Janeiro.
O Almirante Negro ganhou uma estátua na Praça XV,
no centro do Rio, e seu nome batizou um petroleiro. A anistia póstuma aos
revoltosos foi assinada em 2008 pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.
A família de João Cândido luta até hoje por uma indenização do
Estado.
Homenageado por Aldir Blanc, João Bosco e Elis
Regina na composição "Mestre sala dos mares", João Cândido foi
importantíssimo para a história do país e se tornou símbolo de lutas populares
para negros e pobres de todo o Brasil.
"Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do
cais"
Temos um vídeo sobre a revolta da chibata, que você
poderá entender melhor o evento que destacou esse importante personagem .
Confira: https://www.youtube.com/watch?v=EvVKR07Bv1k
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