Em plena pandemia da covid-19, o Banco do Brasil propôs
o fechamento de 361 unidades entre agências
e postos de atendimento, além de um plano de demissão voluntária que
atingiu mais de 5,6 mil trabalhadores e trabalhadoras.
Além das demissões, serão fechadas 112 agências, 242 postos de
atendimento (PA) e sete escritórios, num total de 361 unidades – que, é bom que
se diga, ainda não foram anunciadas as localidades. Essas demissões e
fechamentos de unidades se somam aos 17.758 empregos cortados e ao encerramento
de 1.058 agências, entre o início de 2016 e o terceiro trimestre de 2020, o que
representa uma queda de 16% e 19% respectivamente, de acordo com o último dado
disponível sobre o Banco do Brasil.
Por outro lado, no mesmo período o número de clientes do BB cresceu 15%,
um acréscimo de 9,4 milhões. Dessa forma, cada funcionário do BB era
responsável pelo atendimento de aproximadamente 753 clientes e responsável pela
lucratividade de R$ 191.523,00 no final de 2019.
O estado mínimo
A opção do governo Bolsonaro pelo neoliberalismo faz com que
mais uma vez, o Banco do Brasil seja alvo de demissões que precarizam o
atendimento e da venda de subsidiárias, que facilitam sua a privatização. O governo federal ataca diariamente a
instituição e seus funcionários, demitindo muitos e desmotivando aqueles que permanecem,
dedicando parte da sua vida para atender à população, fornecendo crédito para a
produção e geração de emprego e renda, colocando o governo federal contra quem
produz alimentos, produtos e serviços.
Por mais que o discurso seja “foco no cliente” a rigor as ações da alta
direção do banco sinalizam o contrário. Dessa forma, sem se importar com o
atendimento dos seus clientes que mantêm mais de 73 milhões de contas
espalhadas por todo o país, a alta direção do BB, se submete a cartilha
neoliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes. Vide a fatídica reunião ministerial
de 22/04/2020, segundo Guedes, a instituição é um
"caso pronto de privatização", e o governo "tem que vender essa
porra logo".
A rigor, o Governo federal detém 50,00% das ações do BB, acionistas
brasileiros 28,90%, acionistas estrangeiros outros 20,60, e
0,40% das ações estão na tesouraria do banco. Assim o Governo
Federal detém o controle do banco.
Visando apenas ganhar mais, o Banco do Brasil, diz que vai “economizar”
R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025, apesar do lucro bilionário
que vem obtendo. Entre 2016 e 2019, o lucro líquido ajustado do BB apresentou
crescimento de 122%. Era de R$ 8,033 bilhões em 2016 e subiu para R$ 17,848
bilhões em 2019 (a informação completa de 2020 ainda não foi divulgada).
No mesmo período as receitas de tarifas e prestação de serviços do banco
cresceram 22% passando de R$ 24 bilhões para R$ 29,2 bilhões, sendo suficiente
para pagar a folha de pagamento com larga margem de folga.
Prejuízos para a população
Objetivamente, ao fechar agências, priorizando o atendimento eletrônico,
o Banco do Brasil impede o acesso de parcelas significativas da população,
notadamente os mais idosos – o BB é um dos maiores pagadores de benefícios do
INSS e aqueles que que têm menor familiaridade ou não tem acesso aos meios
eletrônicos de atendimento, e até mesmo os micro e pequenos empresários, donos
de bares, restaurantes e pequenos supermercados/negócios que ainda utilizam os
caixas do BB para o depósito de valores.
Assim, ao reduzir o atendimento presencial a alta direção do BB desmonta
o papel social de um banco público, aumentando as filas e dificultando o
acesso. O idoso que tem conta no Banco do Brasil vai procurar outra instituição
financeira para poder movimentar melhor a sua conta.
A mais conhecida das políticas públicas efetivadas pelo BB é o
financiamento rural, seja do agronegócio - a agricultura empresarial, do
pequeno e médio produtor ou da agricultura familiar.
Apoio a agricultura
Hoje o BB detém perto de 60% do estoque das operações rurais do nosso
país, para a safra 2020/2021, foram disponibilizados recursos de R$ 236,30
bilhões para o crédito rural (R$ 33,00 bilhões para a Agricultura Familiar e R$
33,10 para Médios agricultores e 170,17 bilhões para os demais produtores e
cooperativas).
A importância para o país torna-se ainda mais clara quando se verifica
que as vendas externas do agronegócio somaram US$ 100,81 bilhões em 2020,
representando 48,0% do total exportado pelo Brasil.
Da mesma
forma, a agricultura familiar é responsável por aproximadamente 70% do alimento
que chega à mesa dos brasileiros. O Brasil se tornou um dos dois maiores
produtores de alimentos do mundo, graças ao apoio que o BB dá a este segmento
desde a sua fundação.
O Papel social do BB
Entretanto, a agricultura é apenas um dos mercados onde o BB atua, desde
1808 quando foi criado, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, a
história do banco se confunde com a história do nosso país.
Através de diversas linhas com taxas de juros extremamente baixas, o banco
financia os moradores do semiárido nordestino, que vivem na seca por longos
períodos de tempo; custeia o plantio agroflorestal; a agricultura familiar
agroecológica, apoia investimentos em inovação tecnológica atrelada à
sustentabilidade ambiental; financia a construção de armazéns e silos; apoia a
recuperação dos solos, a produção das mais diversas formas de agricultura,
pecuária, pesca/aquicultura; equipamentos de geração de energia renovável etc.
O banco participa ativamente no desenvolvimento do país, auxiliando
grandes, médias, pequenas e microempresas; os estudantes através do FIES;
subsidia ações da Defesa Civil em situações de calamidade; auxilia os
municípios e os estados com financiamentos de obras de infraestrutura; atualmente,
durante a pandemia da covid-19 tem financiado a construção de hospitais de
campanha etc.
A
conclusão que se chega é que parece “um tiro no pé” diminuir o tamanho do BB e
pior ainda privatizá-lo, pois, dessa forma o atual governo compromete a
capacidade de recuperação da economia pós-pandemia, dificultando a geração de
empregos e, por consequência, condenando milhões de brasileiros à miséria....o
Banco do Brasil é de todos os brasileiros.
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