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O Banco do Brasil é um banco de Estado, não de governo

 


Em plena pandemia, o Banco do Brasil anunciou um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para cinco mil trabalhadores e trabalhadoras e o fechamento de 361 unidades entre agências e postos de atendimento. 

A opção do governo Bolsonaro pelo neoliberalismo faz com que mais uma vez, o Banco do Brasil seja alvo de demissões que precarizam o atendimento e facilitam sua a privatização. Por mais que o discurso seja “foco no cliente” a rigor as ações da alta direção do banco sinalizam o contrário. Dessa forma, sem se importar com o atendimento dos seus clientes que mantêm mais de 73 milhões de contas espalhadas por todo o país, a alta direção do BB, se submete a cartilha neoliberal do ministro da Economia, Paulo Guedes.

A rigor, o Governo federal detém 50,00% das ações do BB, acionistas brasileiros 28,90%, acionistas estrangeiros outros 20,60,  e 0,40%  das ações estão na tesouraria do banco. Assim o Governo Federal detém o controle do banco.

Além das demissões, serão fechadas 112 agências, 242 postos de atendimento (PA) e sete escritórios, num total de 361 unidades – que, é bom que se diga, ainda não foram anunciadas as localidades. Essas demissões e fechamentos de unidades se somam aos 17.758 empregos cortados e ao encerramento de 1.058 agências, entre o início de 2016 e o terceiro trimestre de 2020, o que representa uma queda de 16% e 19% respectivamente, de acordo com o último dado disponível sobre o Banco do Brasil.

Por outro lado, no mesmo período o número de clientes do BB cresceu 15%, um acréscimo de 9,4 milhões.

Dessa forma, cada funcionário do BB era responsável pelo atendimento de aproximadamente 753 clientes e responsável pela lucratividade de R$ 191.523,00 no final de 2019.

Visando apenas ganhar mais, o Banco do Brasil, diz que vai “economizar” R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025, apesar do lucro bilionário que vem obtendo. Entre 2016 e 2019, o lucro líquido ajustado do BB apresentou crescimento de 122%. Era de R$ 8,033 bilhões em 2016 e subiu para R$ 17,848 bilhões em 2019 (a informação completa de 2020 ainda não foi divulgada).

No mesmo período as receitas de tarifas e prestação de serviços do banco cresceram 22% passando de R$ 24 bilhões para R$ 29,2 bilhões, sendo suficiente para pagar a folha de pagamento com larga margem de folga.

Objetivamente, ao fechar agências, priorizando o atendimento eletrônico, o Banco do Brasil impede o acesso de parcelas significativas da população, notadamente os mais idosos – o BB é um dos maiores pagadores de benefícios do INSS e aqueles que que têm menor familiaridade ou não tem acesso aos meios eletrônicos de atendimento, e até mesmo os micro e pequenos empresários, donos de bares, restaurantes e pequenos supermercados/negócios que ainda utilizam os caixas do BB para o depósito de valores.

Assim, ao reduzir o atendimento presencial a alta direção do BB desmonta o papel social de um banco público, aumentando as filas e dificultando o acesso. O idoso que tem conta no Banco do Brasil vai procurar outra instituição financeira para poder movimentar melhor a sua conta.

A mais conhecida das políticas públicas efetivadas pelo BB é o financiamento rural, seja do agronegócio - a agricultura empresarial, do pequeno e médio produtor ou da agricultura familiar.

Através de diversas linhas com taxas de juros extremamente baixas, o banco financia os moradores do semiárido nordestino, que vivem na seca por longos períodos de tempo; custeia o plantio agroflorestal; a agricultura familiar agroecológica, apoia investimentos em inovação tecnológica atrelada à sustentabilidade ambiental; financia a construção de armazéns e silos; apoia a recuperação dos solos, a produção das mais diversas formas de agricultura, pecuária, pesca/aquicultura; equipamentos de geração de energia renovável etc.

Hoje o BB detém perto de 60% do estoque das operações rurais do nosso país, para a safra 2020/2021, foram disponibilizados recursos de R$ 236,30 bilhões para o crédito rural (R$ 33,00 bilhões para a Agricultura Familiar e R$ 33,10 para Médios agricultores e 170,17 bilhões para os demais produtores e cooperativas).

A importância para o país torna-se ainda mais clara quando se verifica que as vendas externas do agronegócio somaram US$ 100,81 bilhões em 2020, representando 48,0% do total exportado pelo Brasil.

Da mesma forma, a agricultura familiar é responsável por aproximadamente 70% do alimento que chega à mesa dos brasileiros.

Entretanto, a agricultura é apenas um dos mercados onde o BB atua, desde 1808 quando foi criado, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil.

O banco participa ativamente no desenvolvimento do país, auxiliando grandes, médias, pequenas e microempresas; os estudantes através do FIES; subsidia ações da Defesa Civil em situações de calamidade; auxilia os municípios e os estados com financiamentos de obras de infraestrutura; atualmente, durante a pandemia da covid-19 tem financiado a construção de hospitais de campanha etc.

A conclusão que se chega é que parece “um tiro no pé” diminuir o tamanho do BB e pior ainda privatizá-lo...o Banco do Brasil é de todos os brasileiros a 212 anos.

 

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