Divagando no último domingo de 2019. Saí
para levar a Mel - minha cachorrinha schnawzer - para fazer xixi e deparei com os
muros de um colégio pintados com diversas obras e frases de autores brasileiros,
dentre eles o Polaco Leminski, que também se chamava Paulo.
Comemore-se a pintura
dos muros, haja vista a ignorância que viceja em nosso país atualmente. Lá
estava um pedaço da poesia M. de memória, que transcrevo abaixo completa:
Os livros sabem de cor
milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.
milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.
A poesia é ótima, mas o que caracteriza
para mim os livro “distraídos venceremos” são os haikais presentes.
Leminski respirava poesia e fez um comentário (Leminski, 1987, Pag. 88), [...] O
ideograma de kawa, "rio", em japonês, pictograma de um fluxo de água
corrente, sempre me pareceu representar (na vertical) o esquema do haikai, o
sangue dos três versos escorrendo na parede da página.
Outros poetas escritores
também se utilizaram do haikai em sua obra. Também chamado de “Haiku” é de origem
japonesa. Formada por dois termos “hai” (brincadeira, gracejo) e “kai”
(harmonia, realização), denota um poema humorístico.
Os haikais não precisam rimar ou seguir
uma estrutura específica de rima, de maneira geral, são
formados de três versos. O seu maior representante foi Matsuo Bashô (Para
conhecer mais ver o livro “Vida” do Leminski), samurai e poeta mais famoso do
período Edo no Japão e considerado o primeiro e maior poeta japonês do estilo haikai.
Entre os brasileiros,
Mário Quintana e Millôr Fernandes se aventuraram nos haikais, abaixo três
exemplos:
Os verdadeiros
Analfabetos são os que
aprenderam a ler e não leem.
Mario Quintana
[POEMEU EFEMÉRICO]
Viva o Brasil
Onde o ano inteiro
É primeiro de abril
Viva o Brasil
Onde o ano inteiro
É primeiro de abril
Millôr Fernandes
ano novo
anos buscando um
ânimo novo
Paulo Leminski
Sem querer me comparar com a genialidade dos
três, mas, porque não eu também me aventurar nessa arte, pensei cá com os meus
botões e...
O mito vai
Inexorável e rapidamente se esvai
O mito cai
Pathamov
Feliz ano novo, lembrando que em 2020 inicia
também uma nova década, mas para nós que já passamos por uma mudança século e de
principalmente do milênio que foi esperado com certo temor e apreensão acredito
que tiramos de letra!
Axé!
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