Não
é de hoje que a CASSI enfrenta dificuldades financeiras.
São
causadas pelas mais diversas razões, e tem responsabilidades distintas, quais
sejam:
- Do
BB em função do constante achatamento dos salários e diminuição do quadro de
empregados, fez com que a folha de pagamento do BB diminuísse significativamente, e aí pode-se citar os 8
anos sem reajuste nos governos FHC, o enxugamento do número de cargos/vagas, os
incentivos à aposentadoria e à demissão, dentre outras estratégias empresariais
sobre as quais apenas a alta direção do BB tem o controle;
- Da
inflação da saúde que apresenta índices bem maiores que a inflação oficial, e às
novas
tecnologias implantadas nos hospitais e demais credenciados que provoca aumento
dos custos;
- Da
própria CASSI que tem problemas de gestão e governança que comprometem os seus
objetivos;
- Dos
participantes que diante da emergência se submetem à pressão dos profissionais
médicos por mais exames geralmente mais onerosos;
- E
em função da maior longevidade dos participantes.
Tudo
isso levou ao desequilíbrio financeiro e a insolvência, sem uma proposta de solução
definitiva, todas as tentativas somente postergaram o problema que nesse
momento precisa ser enfrentado, por todos os participantes e pelo patrocinador.
Para
a solução definitiva existem duas premissas que devem ser atendidas, por óbvio
é necessário arrecadar mais e gastar menos. Assim, impõem-se medidas saneadoras
urgentes.
Arrecadar
mais significa onerar os participantes e o patrocinador (BB), este limitado pelas
resoluções do CGPAR que limitam o desembolso das estatais federais com plano de
saúde à paridade.
Gastar
menos traz uma grande mudança do conceito de atenção à saúde dos empregados.
Transformar o modelo de “medicina curativa” que trata a doença em “medicina
preventiva” que efetivamente prima pela manutenção da saúde dos participantes, o Modelo de Atenção Integral à Saúde através da Estratégica Saúde
da Família.
Além
disso, é preciso reformar a gestão, cuja despesa embora menor que de outros
planos de saúde, incha a área meio, em detrimento do papel principal da CASSI.
No Protocolo de Intenções implantado em
2016, existiam várias alterações propostas, mas, o que se viu foi apenas o
desembolso excepcional de participantes e patrocinador, sem a efetiva
implantação das medidas saneadoras. Dele surgiu a proposta colocada em votação e
rejeitada pelo quadro social em 2018.
Após nova negociação, em 2019, apesar de apresentar poucas
alterações foi aprovada pela maioria dos participantes, entretanto não atingiu
o quórum mínimo estatutário de 2/3 para a sua implantação.
A nova proposta apresentada contemplava três
etapas:
- Governança, Gestão e Operação, com
desenvolvimento de projetos de melhoria e revisão de processos e sistemas;
- Investimentos de cerca de R$ 40 milhões
mensais, sendo 1% do salário ou benefícios dos associados ativos, aposentados e
pensionistas, e R$ 23 milhões, mais o pagamento da consultoria da parte do
Banco do Brasil;
- Acompanhamento dos Investimentos, prevendo a
prestação de contas trimestral dos projetos a serem desenvolvidos, a criação de
uma nova estrutura de assessoramento ao Comitê de Auditoria (COAUD) e melhoria
nos processos de recrutamento e seleção da CASSI, bem como a implementação de
melhorias no sistema de avaliação de desempenho operacional de todas as áreas
da CASSI.
Derrotada a proposta construída pelas
entidades representativas e pela direção do BB, encerraram-se as negociações e
em julho ocorreu a intervenção da ANS – Agência Nacional de Saúde através do
mecanismo de “Direção Fiscal”, que tem prazo até o dia 22/10/2019 para a
apresentação de um plano para o saneamento emergencial da CASSI.
Caso não haja interesse em seguir as orientações da
ANS, a CASSI pode ser liquidada. Nessa situação o BB acena a possibilidade de
manter o repasse de 4,5% incidentes sobre salários e benefícios, aos
empregados, cabendo a cada um escolher o plano de saúde que lhe sirva. Uma
alternativa a se pensar é a manutenção da CASSI sem o BB, se teríamos as
condições para administrar o plano, talvez até criando formas de associação,
para mantê-lo. Afinal, nós somos os donos da CASSI.
Diante desse quadro gravíssimo, as
Entidades representativas buscaram nova rodada de negociações realizada em 25/09/2019
onde o BB, foi intransigente, mantendo as premissas do custeio e gestão já
anunciados. Em 28/09/2019 foi realizado em São Paulo o Encontro Nacional de
Saúde, para discutir sobre a situação da
Caixa de Assistência (CASSI) e os sistemas de saúde privado e de autogestão. A
atividade faz parte do calendário em defesa da CASSI, definido durante o 30º
Congresso Nacional dos Funcionários do BB, que propôs o mês de setembro/2019
para diversas ações de esclarecimentos sobre a situação da CASSI.
Com toda a certeza, após o
encontro nacional de saúde deverão ser feitas novas reuniões específicas nos
locais de trabalho, plenárias e encontros estaduais/regionais com o objetivo de
esclarecer aos funcionários do BB e, principalmente, para os associados o que
está acontecendo com a CASSI, a intervenção da ANS e o risco possível de ser
liquidada.
Acredito que com algumas alterações, desde que
respeitadas algumas premissas históricas e o direito adquirido, o BB e as Entidades
representativas poderão chegar a uma nova proposta que possa ser apresentada
aos participantes para nova rodada de votação.
“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”
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