Hoje é celebrado o Dia Internacional da Mulher, importante para refletir ainda mais sobre a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e a violência contra as mulheres. Por mais que existam avanços, ainda existe um grande caminho a ser percorrido!
CEPAL:
Mulheres na América Latina e desigualdades
Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista
Segundo
estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), três
pilares abarcam distintos aspectos da autonomia da mulher relacionados à
capacidade de gerar rendas próprias e controlar ativos (autonomia econômica),
com o controle sobre seu próprio corpo (autonomia física) e com plena
participação na tomada de decisões que afetem sua vida e coletividade
(autonomia na tomada de decisões).
O
estudo, que analisa diversos dados das sociedades latino-americanas e
caribenhas, mostra que mais de 100 milhões de mulheres formam parte da força de
trabalho na América Latina, sendo que desse total 22,8 milhões se incorporaram
ao mercado de trabalho nos últimos 10 anos.
O
estudo mostra que as taxas de participação feminina se diferenciam muito de
país a país na América Latina e também dentro dos países, de acordo com grupo
etário, nível educativo e setor socioeconômico: por exemplo, a média regional é
de que 61,9% das mulheres do quintil mais rico da população sejam
economicamente ativas (que significa, grosso modo, estar inserido no mercado de
trabalho, buscando ou não emprego), enquanto 38,4% das mulheres do quintil mais
pobre sejam economicamente ativas. Por outro lado, em 2010 32,7% das mulheres
latino-americanas não possuíam renda própria, índice que entre os homens
chegava a 12,1%.
Outro
dado que impacta na autonomia das mulheres é a porcentagem de meninas de 15 a
19 anos que são mães: no Brasil, de 2000 a 2010 percebe-se um grande avanço,
com a queda desse índice de 14,8% das jovens dessa faixa etária para 11,8%. Por
outro lado, na República Dominicana, El Salvador, Argentina e México a
porcentagem de meninas de 15 a 19 anos que são mães aumentou no período
analisado.
Quanto
à representação política institucional, o estudo mostra que entre 2003 e 2013
aumentou de 19% para 26% a representação de mulheres em legislaturas. No
Brasil, estamos bem abaixo da média da região, com menos de 10% dos representantes
no parlamento sendo mulheres, o que ocorre apesar da lei de cotas para mulheres
como candidatas de partidos. Também, aumentou de 6,4% de mulheres entre os
vereadores e 19,8% de mulheres entre os prefeitos em 2002 para 25,6% de
vereadoras em relação ao total e 11,7% de prefeitas em 2012, em relação ao
total.
Apesar
das melhorias nos índices apresentados, em especial para o Brasil, permanecem
grandes abismos: a relação que as mulheres têm com o mercado de trabalho,
especialmente as mais pobres, ainda é de uma inserção subordinada e mais
precária, com as mulheres se dedicando ainda bastante aos trabalhos domésticos
(remunerados ou não), não socialmente valorizados; a representação política
feminina nos âmbitos estudados ainda é muito restrita, apesar da política de
cotas; e ainda é preciso avançar em educação sexual e informação para a
prevenção da gravidez na adolescência, de forma a prover mais autonomia e
oportunidades às jovens brasileiras, em especial às em situação de
vulnerabilidade.
Você
pode ver toda a análise no “Panorama Económico y Social de la comunidad de
Estados Latinoamericanos y Caribeños, 2014” no endereço:
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